61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Injúria renal aguda pós-renal em gestante no segundo trimestre: um relato de caso

CONTEXTO

A injúria renal aguda (IRA) relacionada à gestação configura situação de risco, com maior morbi-mortalidade materno-fetal, pois o aumento da taxa de filtração glomerular é uma adaptação fisiológica da gestante necessária para suprir as demandas fetais. A IRA na gestação é mais incidente em países subdesenvolvidos, onde o acompanhamento pré-natal é deficiente, e classifica-se como pré-renal, renal ou pós-renal, a depender da etiologia. Esta última, advém de obstrução do fluxo urinário, cálculos renais impactados ou lesões iatrogênicas no parto. O tratamento é essencialmente de suporte e exige um olhar multidisciplinar para resolução da causa-base.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Gestante de 15 semanas, 33 anos, G4P3A0 e sem pré-natal. Procurou maternidade com dor em hipogástrico e lombar direita associada à constipação há 15 dias. Em tratamento empírico para ITU há 2 dias com cefalexina e urocultura contaminada. Ao exame, apresentava massa palpável 28 cm acima da sínfise púbica, simulando fundo de útero aumentado, incompatível com a idade gestacional. O laboratório evidenciou ureia 71 e creatinina 2,57 e o ultrassom mostrou imagem cística, com volume de 4056 cm³, rechaçando o útero e comunicando com a uretra compatível com bexigoma, definindo IRA pós-renal. Realizada sondagem vesical de alívio seguida de sondagem de demora, com diurese de 4600ml. Seguiu com melhora da função renal e poliúria nos 2 dias subsequentes e diurese de 9000ml em 24h. A equipe de nefrologia recomendou manter hidratação venosa e manutenção da sonda vesical até cessar a fase poliúrica de recuperação da IRA. A investigação de fatores obstrutivos foi descartada. Após 5 dias cessou-se a fase poliúrica, retirou-se a sonda vesical e a paciente recebeu alta, com encaminhamento para o pré-natal de alto risco para seguimento.

COMENTÁRIOS

A IRA é causa importante de morbimortalidade materno-fetal, portanto, uma condição importante para rastreio e manejo, visando a manutenção da gestação sem repercussões negativas à gestante e ao feto. A relevância clínica deste caso reside, principalmente, em apontar um caso clínico de IRA na gestação associada a bexigoma, sem fatores obstrutivos associados, resolvida com medidas de suporte. A identificação e intervenção precoces foram cruciais para a recuperação da paciente e mitigar complicações como restrição de crescimento intrauterino, parto prematuro e sofrimento fetal.

PALAVRAS-CHAVE

Gestação; Injúria renal aguda; Poliúria

Área

GINECOLOGIA - Multidisciplinar

Autores

Júlia Salarini Carneiro, Giulia de Souza Cupertino de Castro, Jessica Souza de Oliveira, Letícia Berçam Scultori, Maria Eduarda Vieira Medina, Weverton da Silva Soares, Carolina Loyola Prest Ferrugini, Mariana Conceição da Luz