61º Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Febrasgo – CBGO 2023

Dados do Trabalho


TÍTULO

Relato de caso de Tromboflebite Pélvica Séptica em puerpério imediato

CONTEXTO

Tromboflebite Pélvica Séptica (TPS) é uma entidade clínica rara, com incidência de aproximadamente 0,05% em pacientes no ciclo gravídico-puerperal. É subdividida em TPS de veias ovarianas e de veias profundas pélvicas (DOTTERS-KATZ Et al., 2017).
A suspeita de TPS deve surgir quando a febre, que geralmente segue um padrão de pico, não responde ao padrão de amplo espectro antibioticoterapia após 48 horas. Josey e Staggers, em 1974, relataram a incidência de 38% de associação de tromboembolismo pulmonar (TEP) e TPS. Apesar de não haver um consenso sobre protocolo de anticoagulação e período de tratamento, observa-se que a heparinização diminui a mortalidade na condução de casos de TPS.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

JML, 31 anos, G5PC4, IG 23 semanas. Deu entrada com dor abdominal intensa, difusa e súbita. Relatava quadro álgico em hipocôndrio direito irradiando para lombar, evoluindo para dor generalizada em aperto. Negava episódios de sangramento transvaginal e uso de substâncias ilícitas. Após realização de USGTV, evidenciou-se massa em região anexial direita. Parto vaginal ocorrido durante a madrugada, evoluindo com piora do quadro, associado à taquidispneia. Foi submetida à laparotomia exploradora, evidenciando abscesso tubo-ovariano à direita, com presença de grande quantidade de secreção difusa pelo abdome. Realizada ooforectomia e salpingectomia à direita, com enteroanastomose de delgado adjacente e aderido ao processo inflamatório. Paciente evoluiu com piora clínica, mesmo após escalonamento de antibioticoterapia em conformidade com o resultado da cultura da secreção. Iniciou-se anticoagulação plena com enoxaparina, devido critérios diagnósticos para Tromboflebite Pélvica Séptica, apresentando melhora clínica. Após 7 dias, paciente com novo quadro de taquidispneia, realizada angioTC evidenciando tromboembolismo pulmonar maciço à direita. Paciente evoluiu para IOT, com óbito no 28º dia de puerpério.

COMENTÁRIOS

A incidência de TPS aumentou nas últimas décadas, provavelmente devido ao maior número de cesarianas e ao diagnóstico mais precoce de complicações infecciosas no ciclo gravídico-puerperal. Ainda não há recomendações específicas de protocolos de anticoagulação na TPS. Estudos randomizados sobre terapias de anticoagulação poderão ser úteis e ajudar na condução otimizada dessa entidade rara e na sobrevida das pacientes.

PALAVRAS-CHAVE

Período Pós-Parto;Tromboflebite; Anticoagulantes; Embolia Pulmonar

Área

OBSTETRÍCIA - Puerpério normal e patológico

Autores

Carolina Castello Branco Otoni de Miranda, Eduarda Lanzarini Lins, Letícia Hertal dos Santos Jovino, Flávia Carlini Garcia de Oliveira Tavares